Projeto Tejucactus tem mudado a realidade dos produtores, que veem no plantio a chance de melhorarem de vida
Espécies nativas e exóticas de cactos encontram condições ideais para o cultivo no município, que tem poucas chuvas e sol forte. Os participantes recebem apoio da Prefeitura e têm assistência técnica.
Espécies nativas e exóticas de cactos encontram condições ideais para o cultivo no município, que tem poucas chuvas e sol forte. Os participantes recebem apoio da Prefeitura e têm assistência técnica.
Depois da Tejubode, que ganhou dimensão nacional, o município de Tejuçuoca, localizado a 155 quilômetros de Fortaleza, na região do Vale do Curu, inova e cria o Tejucactus. O objetivo é gerar ocupação e renda para a comunidade de Riacho das Pedras, situada a 12 quilômetros da sede. Inicialmente, 12 pessoas fazem parte das ações, que produzem, em uma área de 50 metros quadrados, espécies nativas e exóticas, que estão sendo vendidas para turistas do mundo inteiro.
Os bolsistas do programa recebem R$ 100 mensais para custearem as despesas com capacitação e se dedicarem de forma permanente ao projeto pioneiro no Ceará.
Quem participa do Tejucactus não esconde a alegria de poder assegurar uma renda a mais no orçamento familiar. É o caso de Maria de Fátima Barbosa Silva, de 50 anos, que aposta no novo projeto. "Esse programa está modificando o meio ambiente e fortalecendo a cadeia produtiva, além de garantir mecanismos para o negócio fora do Estado. Estou muito feliz em poder estar entre as beneficiadas nesse grande empreendimento", comemora Maria de Fátima.
Ela iniciou a participação no projeto disponibilizando um pequeno terreno no fundo do quintal de sua casa, há três anos.
Quem também não pensou duas vezes para ingressar na produção das espécies nativas, foi Rosimeire Santos Alves, que participa do projeto desde a sua fundação. "São ideias que mudam a nossa vida e tornam-se economicamente importantes, porque só dependem dos nossos esforços e dedicação. Sou otimista com o que chega de bom à nossa região", elogia Rosimeire Santos.
Projeto
O Tejucactus já tem um grande acervo de matrizes de cactáceas, que servirão de apoio e ampliação do programa em outras áreas. O mercado local será a base da produção. Porém, existem negócios firmados para os mercados de São Paulo e Rio Grande do Sul. Estas regiões têm tradição nesta produção, embora utilizem-se de pesadas tecnologias para oferecer clima especialmente quente para que os vegetais possam se desenvolver normalmente, enquanto que no Ceará, tudo é naturalmente favorável, pois as cactáceas são vegetais típicos de áreas de desertos ou semiáridas e necessitam de poucas chuvas.
Valorização
De acordo com Eliseu Joca, que participa do programa como articulador, valores agregados estão também valorizando as mulheres de Riacho das Pedras, como a criação de mini ambientes bem nordestinos, onde os cactos se destacam.
"Os bolsistas receberam capacitação para a produção de vasos de barro, para agregar valores à sua produção, além da comercialização em outros mercados do Brasil", explica.
Tejuçuoca é o primeiro município cearense a produzir esse tipo de cactácea.
"Estamos apostando no futuro das pessoas, porque esse é o grande caminho para evitar o êxodo rural. A intenção é expandir para outras áreas semiáridas esse projeto. Precisamos criar meios e não ficar somente esperando pela agricultura de subsistência. Nossa região é muito rica em potencial", garante Walmar.
Histórico
A Bolsa Cactus foi criada para a convivência com a seca. Como incentivo, foi construída, em Riacho das Pedras, uma Unidade Produtora e mais núcleos residenciais.
"A Bolsa Cactus é um incentivo da Prefeitura. Já a capacitação e produção fazem parte do plano de pesquisas da UFC", destacou o prefeito.
Projeto comunitário faz parte de pesquisaA Universidade Federal do Ceará tem atuado em parceria com a cidade de Tejuçuoca para promover a cultura das cactáceas. Projeto deverá ser ampliado para outros locais que têm o mesmo clima FOTO: ANTONIO CARLOS ALVESTejuçuoca. O projeto Tejucactus integra a pesquisa científica do professor Roberto Takane sobre a produção de espécies vegetais no Brasil. O cientista faz parte do corpo docente da Universidade Federal do Ceará (UFC) e atua no Departamento de Fitotécnica do Centro de Ciências Agrárias.
A pesquisa é uma ação da Associação Científica do Centro de Ciências Agrárias (Aceg) da UFC, órgão responsável pela administração financeira dos recursos oriundos do Banco do Nordeste, destinados especificamente para pesquisas. Na primeira etapa, foram liberados R$ 96 mil para implantação das áreas e também das pesquisas.
Recursos
De acordo com o presidente da Câmara Municipal de Tejuçuoca, Antônio Machado Barbosa, para que o Tejucactus não viesse a sofrer problemas, foi preciso pedir a intervenção do deputado federal Danilo Forte, que articulou junto ao Banco do Nordeste a liberação de mais R$ 180 mil para novas pesquisas e mudanças dentro do programa.
"Nossa ideia é construir um poço profundo para auxiliar no cultivo das espécies e comprar um veículo para o transporte dos produtos para Fortaleza. Isso, porque, atualmente, quem empresta o veículo para as viagens, sou eu´´, explica.
Vantagens
O deputado federal Danilo Forte ainda elogiou a atuação das mulheres no Tejucactus e lembrou que esse é um plano de sustentabilidade que traz grandes vantagens para as famílias.
"Isso é maravilhoso. Em plena seca, uma comunidade dá exemplo para o mundo de como conviver com a estiagem, utilizando pouca água e, o que é mais importante, preservando o meio ambiente e assegurando à natureza um plantio sem agressão´´, comemora Danilo Forte, que é natural da região.
O parlamentar ainda ressalta as oportunidades que virão, a partir da realização da Copa do Mundo e das Confederações. "Com a Copa das Confederações e a Copa do Mundo no Brasil, os produtos de Tejuçuoca serão levados para todo o continente. Essa é a grande saída para quem vive em sintonia com a natureza´´, observa.
Pesquisa
O pesquisador Roberto Takane mostrou a experiência de Riacho das Pedras no I Simpósio Brasileiro de Cultivo de Orquídeas, que aconteceu, na Casa de José de Alencar, em Fortaleza. O evento contou com a participação de palestrantes renomados do Brasil e dos Estados Unidos.
"Dentro da programação, também lancei o livro ´Técnicas em subtratos para a floricultura´, que mostra resultados positivos realizados pela Universidade Federal do Ceará´´, destaca o pesquisador.
Espécies
Em Tejuçuoca, as espécies cultivadas são nativas de vários países da América, como o México, Argentina e Peru. Também é possível encontrar espécies exóticas que têm seus habitats naturais em países mais distantes, como Madagascar e África do Sul, na África; Vietnã, na Ásia e também dos outros países da América do Norte.
Outro diferencial do projeto são as embalagens, que trazem vários tipos de cactáceas, em um ambiente que remete ao Nordeste, podendo ser opção de presente ou de decoração.
ANTÔNIO CARLOS ALVES
COLABORADOR
Fonte: Diário do Nordeste
Mais informações:Prefeitura de Tejuçuoca
Telefones: (85) 3323.1156/46
Secretaria de Desenvolvimento Rural do Município:
Telefone: (85) 3323.1273.
Mais informações:Professor Roberto Takane
Telefones: (85) 3366.9668 (85) 3287.6188
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